quarta-feira, maio 31, 2006

Para já Martini, para quando o Vaticano?

Pela primeira vez o vaticano sai da casca e bem... Pena que ninguém elege um mente brilhante para Papa! A infelicidade do mundo é que nem todos os católicos podem votar democráticamente quem será o próximo eleito, como representante de Deus na Terra. A verdade é que nem tudo descambava, não se cometeriam as "imoralidades e pecados" todos e, haveria sempre um fio de prumo a equilibrar as coisas na base do bom senso. Felizmente a grande maioria da sociedade é composta por pessoa fiáveis; daí conseguirmos identificar os comportamentos desviantes. Verdade seja dita, nem todos os que têm por alguma razão ou circunstância da vida um comportamento desviante agiram do mesmo modo a vida todo... Veja-se São Francisco de Assis, que em miúdo roubou maçãs das árvores com os outros pelo gosto da brincadeira e, não pela necessidade de roubar. É um ícone da Igreja. Mudamos; todos nós mudamos...

O Cardeal Carlo Maria Martini surpreendeu o mundo pela positiva com as suas palavras. Nenhuma instituição no mundo, nem mesmo a Igreja Católica, sobrevive parada no tempo. Tenho a pura sensação que não se aperceberam do rídiculo a que se sujeitaram ao dizer que: "ver muita televisão, ler muito e navegar muito na internet" são pecados... Pelo amor de Deus! Ninguém vai voltar atrás no tempo. Não se moldam mentalidades assim; essa era, felizmente, já acabou!

Mas voltando ao cardeal Martini (79 anos... não terá tempo para ser papa, nem será nunca eleito depois destas declarações. Possivelmente só as fez por perceber que o tempo escasseia), que aceitou discutir numa entrevista para o semanário L'Espresso, algumas das situações mais delicadas de ajuizar sobre, para a Santa Madre Igreja.

Citando as palavras que julgo dignas de aplauso:

"Certamente, a utilização do preservativo pode constituir, em certas situações, um mal menor", deixando no ar se "cabe às autoridades religiosas fazer propaganda a favor de um tal meio de defesa". Queria apenas pedir humildemente que então não fosse permitido, pelo menos, já que não fazem propaganda, excluir uma cantara de uma cerimónia religiosa, porque esta advoga a favor do uso do preservativo numa campanha publicitária brasileira. Será que o Papa acha bonito metade, ou mais... da população africana estar contagiada com o HIV?

Para reduzir e tentar eliminar os abortos clandestinos o Cardeal afirma que "É difícil que um Estado moderno não intervenha pelo menos para impedir um situação selvagem e arbitrária (...) o que não quer dizer dar 'autorização de matar'", acrescentando que "o Estado deve tentar "por todos os meios" diminuir o número de abortos.

A implantação de embriões congelados é para o Cardeal um outro mal menor. O Cardeal considera que mesmo que seja para uma mulher sozinha e, de forma indirecta abra as portas às famílias monoparentais, esta solução é preferível à "morte". "Quando há um conflito de valores, parece-me eticamente mais significativo propor uma solução que permita que uma vida exista, mais que deixá-la 'morrer'".

O papel da Igreja é ajudar a discernir o bem do mal, em todas as situações, afirma também o Cardeal; dizendo mesmo que se trata de "formar consciências". Os "interditos e os 'nãos' não servem a ninguém" conclúi Martini.

Aplaudo estas declarações e apoio-as a 100%! A doutrina do "mal menor" existe na Igreja Católica; contudo, o Vaticano ainda não proferiu qualquer comentário a esta entrevista, tendo o Presidente da Academia Pontifíca admitido ainda vir a comentar as declarações do Cardela Martini depois de as ler atentamente; mas foi já deixando "escrito" que existem algumas discordâncias, pelo menos ao nível do "tom", citando, entre a posição oficíal da Igreja e a de Martini; PARA GRANDE PENA DE TODOS NÓS!

A Igreja devia sem dúvida aproveitar esta aberta e, de modo claro e visível, apoiar pela primeira vez, oficialmente, esta nova portura relativamente às novas realidades desta grande ALDEIA global em que vivemos.

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