terça-feira, janeiro 23, 2007
Igreja e IVG
Ainda não percebi muito bem a ideia da Igreja nem a falta de modéstia e de memória da mesma, mas isso já foi explicitado por mim num outro post. Para mim, a Igreja poderá emitir alguma opinião no dia em que o Papa pedir perdão a todas as mulheres que abortaram, tiveram filhos de Padres ou morreram por causa de devaneios amorosos com Padres que resultaram em gravidez.
Contudo, não deixa de me causar espanto esses senhores de sotaina que andam aí a fazer barulho e a falar em excomunhão . Terão eles certeza de que não serão eles próprios os excomungados em virtude da atitude que estão a tomar? Terão eles a certeza dessa presunção de falar por Deus? Alguma vez alguém daria tamanho poder a homens de tão má fé?
Parece-me engraçado que alguém afirme que não terão acesso a um enterro católico. Como saberá o Padre se pode ou não celebrar esse enterro se não souber se a mulher interrompeu uma gravidez VOLUNTARIAMENTE ou não. Nem na Idade Média, das trevas, se considerou tal coisa alguma vez! A Igreja católica não se imiscuía de dar a extrema unção ou acompanhar o enterro fosse de quem fosse. Digamos que aos suicidas havia a particularidade do dever de os decapitar antes de os enterrar... Conseguimos recuar em relação à Idade Medieva, é tremendo! será que a Igreja não abre a pestana, será que não percebe a perda de poder que tem tido, será que não vê que João Paulo II era a razão de fé de muitos jovens? Está cega... Completamente parada no tempo e só causa mais afastamento dos fiéis pelas posições que toma.
Já chega desta farsa . A despenalização da interrupção voluntária da gravidez nem devia estar a ser referendada, devia ser legislada e mais nada. É ridículo esta exposição do íntimo feminino, é imoral e humilhante para qualquer mulher. Não há nada que justifique esta desmoralização e esta redução da mulher enquanto ser humano. Será que subjugar o gene feminino será um objectivo ad eternum da Igreja e de todos os que tomam posições no mesmo sentido que esta? Basta! Chega! Deixem a mulher escolher se quer ser mãe ou não!
Não vamos atirar terra aos olhos uns dos outros... Vou voltar ainda esta semana a esta temática, mas para já queria apenas desmistificar mais um tabu. A taxa de natalidade continuará miserável enquanto não forem dados apoios como deve ser aos jovens casais e, não serão os bebés indesejados que vão alterar esta triste situação, quando muito vão aumentar as listas de crianças sem família das instituições de solidariedade social, nalguns casos. Pior que isso, não há condições de apoio às mães solteiras. Para onde se dirige uma mulher com um bebé não planeado na barriga cujo pai não quer o filho (porque esse escolhe sempre) e cuja família não a quer em casa? Vai para a casa das senhoras que andam aí aos gritos pelo não à despenalização da interrupção voluntária da gravidez? Não me parece, mas se for caso, agradece a nação que comuniquem as moradas e digam já quantas podem receber e quanto dinheiro podem dar a cada uma para vestir, calçar, alimentar e comprar fraldas para o bebé, já nem falo na mãe.
Pois, já perceberam caros amigos e leitores que 'pimenta no traseiro dos outros é refresco'. estas pessoas gritam pelo não mas não querem saber de como fica a pessoa cuja situação de vida não se resolve, cujos apoios lhe faltam, que estuda ou não tem meios de subsistência. Talvez para essas pessoas que conhecem toda a gente e cuja 'cunha' é modo de vida apareça sempre um emprego, mas garanto-lhes que para o comum dos mortais, não há empregos.
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