quinta-feira, janeiro 04, 2007

Sim à despenalização da interrupção voluntária da gravidez (IVG)

Por mais polémico que seja, nem tudo são estas bonitas imagens de um lindo bebé , uma família feliz, um papá, uma mamã, manos ou manas e toda a gente na retaguarda . Muitas vezes, a opção e o direito de escolha é do homem. Subversivo, não? Pelo menos relativamente à ordem natural das coisas. Se uma mulher não pode optar e decidir se quer ou não ser mãe, também acho que não pode haver opção no caso dos homens.
Proponho que cada vez que uma mulher se depare com uma caso 'tipo novela de horário nobre da sic: Páginas da Vida', que acontece mesmo, apesar de aparecer também na novela, haja alguma lei que possa obrigar esse homem a fazer um teste de paternidade e o obrigue a ser pai, assumindo o filho por força da lei. Mais, que não se permita que homens que recebem fortunas não paguem uma miséria de pensão que o juiz vergonhosamente decretou, porque o juiz/a também é desumano e, só quem não pode deixar de assumir é a mulher. Faça-se o favor de obrigar esses senhores a pagar as contas dos filhos a meias e não aquelas pensões tão diminutas, que nos matam a rir para não desabar em lágrimas a chorar, e não pagam nem uma semana de comida dos filhos.
Agradeço também que se fechem todas as Casas Pias e Casas do Gaiato e sei lá mais o quê, alguém pariu aquela criançada toda, não? Chamem os responsáveis... mas além da que pariu, chamem o pai também... Se fizerem o favor. Permitam apenas este tipo de instituição para aqueles cujo pai e mãe faleceram e em caso dos progenitores, responsáveis e gente de bem, segundo os partidários do não, espanquem e abusem das crianças.
Entretanto, como quer seja fruto de uma violação, quer seja um deficiente, trata-se sempre de uma vida, obrigue-se então as mulheres todas a ter os filhos, independentemente da gravidade das lesões e danos físicos ou cerebrais e, obrigue-se uma mulher a amar, amamentar e criar um filho de um violador. São sempre vidas humanas e, tenham paciência mas uma vida é sempre uma vida...
Depois de desfeitos, despedaçados, destruídos e esmagados os partidários do não... Foi o que aconteceu nas linhas acima, proponho que falemos das causas do sim, pode ser? Uma mulher que tem condições para ter um filho (familiares, físicas e psíquicas ) dificilmente abdicará dele. Será que essa gente parva que advoga pelo não acha que as mães não ouvem o coraçãozinho dos filhos, não os sentem, não notam até as alterações físicas? Não falamos de mutantes nem de máquinas, falamos de pessoas. Não estamos na China onde mais de 3 filhos é que não (ou aborto ou esterilização), se não estes senhores que advogam pelo não eram bombistas suicidas... Verdadeiros terroristas, não que já não o sejam, mas neste caso, não vale a pena rebentarem-se em autocarros... estas mulheres que DEVEM OPTAR, não são irresponsáveis nem levianas.
Não acredito que alguma mulher escolha ter um filho ou não pelo sexo do bebé, a menos que não esteja muito bem da cabeça... Mas os malucos não andam aí à solta a ter bebés, pois não? Os malucos estão trancadas em hospitais psiquiátricos e instituições afins, salvo casos que nem 'amaranhos' para fazer ou cuidar de bebés tenham... Ou será que estes advogados do diabo que não querem a despenalização da interrupção voluntária da gravidez não vivem no mesmo país e na mesma sociedade que nós?
Só gostava de parar uns segundos para chamar a atenção de todos para o Papa e para a Igreja Católica. Não é patético? Já todos lemos o crime do padre Amaro ou, pelo menos, muitos de nós e, não serão poucas as pessoas da província e da cidade que aqui há umas duas décadas conheciam alguém que era 'afilhado' ou 'enteado' do Padre. Os Padres espalharam filhos pelo mundo que 'já mais poderiam assumir' (sem perder a batina). Porque é que o papa nunca pediu perdão às mulheres todas por tanto mal causado? Porque é que a Igreja se verga perante tudo e mais alguma coisa menos o gene feminino? Eu exijo um pedido de desculpas e de perdão do Papa e da Igreja toda... E para além do perdão pelos que não assumiram, exijo mais ainda um pedido de perdão pelas mulheres que morreram às mãos das ameaças e do medo desses Padres que as engravidaram e obrigaram a abortar clandestinamente. Que Deus é esse que professa a cegueira na boca dos seus sacerdotes? De certo não é o meu! O meus Deus não é o tirano que a Igreja Católica pintou ao longo dos séculos. O meu Deus não promete Infernos nem é castigador. O meu Deus faz justiça... O meu Deus não expulsou os vendilhões do casa de seu pai, ignorou-os. O meu deus é o mesmo que o dos católicos apostólicos romanos mas, não na imagem 'suja e denegrida' que passam dele. Ainda aceitam o não que a Igreja apoia?
Não há justificação para o não. Essas pessoas são bárbaras (porque não falam a nossa língua, balbuliçam qualquer coisa) e mesquinhas. A maior parte das/os advogadas/os do não estão investidas/os de cinismo e de falta de cidadania, de civismo e de cultura. Desrespeitam todas as mulheres e envergonham todas as mulheres com a sua postura. Pergunto-me se terão tido filhos contra vontade e o seu egoísmo os leva a querer castigar todos os demais da mesma maneira... Ou caso sejam mulheres, se terão abortado e gostam de rir do sofrimento das que não têm posses para tal... Porque no fundo tudo isto, aos cinco dias do mês de Janeiro, do ano da graça de Deus de dois mil e sete, não passa de uma falsa questão. Só sofre quem menos pode.
Já agora, para quê investir mais em campanhas de sensibilização? Invista-se o que se tem investido. Todos sabem que é de graça a pílula nos Centros de Planeamento Familiar, que os preservativos existem e que há uma coisa que é a pílula do dia seguinte e pode ser comprada em qualquer farmácia... Podem dizer que no interior é diferente, que se calhar não sabem... Mas nessas terras pequenas, iriam essas moças e mulheres a um centro ou a uma farmácia para lhes verem o dedo apontado? É que arriscando, só se engravidarem é que serão apontadas e olhadas e, resta ainda a pressão do povoado pequeno sobre o homem... Que ainda assim 'Ele' (quase como um deus, todo poderoso) pode escolher.
Será que ainda alguém vê alguma vantagem no não... Poderia alongar-me horas a fio neste debate... Mas vou parar porque o que disse já chega para convencer qualquer um...
Dia 11 vamos todos votar sim pela despenalização da interrupção voluntária da gravidez, vulgo: aborto!

Sem comentários: