quarta-feira, março 21, 2007

Sem abrigo ainda mais sós em Lisboa

Lamentávelmente ainda não tive a oportunidade de comentar uma questão que me causa demasiado desagrado e mau estar, mas é o que vou fazer em seguida. A Câmara Municipal de Lisboa, por decisão do Presidente da Autarquia, motivada pela 'insolvência técnica' com que a Câmara se depara, resolveu retirar as verbas para os sem abrigo. Depois de cortar na frota de carros e demais banalidades Carmona lembrou-se da mais cruel e horripilante das possibilidades: cortas as magras verbas que a Autarquia disponibilizava aos sem abrigo da cidade de Lisboa. Meu caro Carmona, não acha este acto hediondo e monstruoso? Não lhe parece que isto é do pior que um ser Humano é capaz? Pergunto-me mesmo se consegue dormir... No seu lugar eu estaria a morrer de insónias e remorsos porque quando conseguisse adormecer acordaria apavorada com os gritos da minha própria consciência... Mas lá está, é preciso ter consciência.

Com que direito alguém retira uma migalha a quem nada tem? Os mais desfavorecidos de todos ficam ainda mais abandonados e entregues a um Deus Menor. Lá diz o povo e o povo sábio: 'quando a maré baixa, quem se trama é o mexilhão '; porque será? Não sei se está certo retirar dos impostos de todos e da riqueza produzida pelo país para dar a quem não faz nenhum, mas tenho a clara certeza de que não é sequer ético colocar no mesmo 'saco' quem conta já com golpes de azar e, não encontra como se integrar na sociedade e reaver uma vida mais digna e mais feliz. Certo seria podermos ir ao encontro destes sem abrigo e reintegrá-los na sociedade, dando-lhes tecto, comida e roupa bem como oportunidade de sustento, para que podessem depois ir às suas vidas e para um tecto seu. Claro está que há idosos que teriam que ser acolhidos em locais próprios e também crianças. Mas na sociedade perfeita teriamos a solução para este drama social com que todos nos deparamos.

Na minha tão querida e amada Lisboa, basta ir ver uma peça de teatro ao teatro Nacional D. Maria II para poder-mos ver os indigentes, aqueles cuja vida desamparou com golpes de infutúnio e azar. Sinto-me de uma pequenez e impotência cada vez que me deparo com uma injustiça destas... Quase apetece dizer que está tudo errado neste mundo que o Homem criou. Vou terminar este post com uma citação que me parece muito adequada: 'Onde houver uma necessidade, nasce um direito' Eva Perón.

Sem comentários: