quinta-feira, setembro 06, 2007

A cavalo de um burro

Muitos portugueses, que comprara casa no tempo das "vacas gordas", encontram-se presentemente a cavalo de um burro teimoso com as suas prestações. Compreendo o drama e o problema de uma já significativa parcela da população, mas o facto é que contas são contas... E as boas contas fazem-se com os bons amigos! Como nem os bancos nem as entidades reguladores do crédito (no caso o Banco Central Europeu) são bons amigos... Está tudo dito!

Eu até acho os sentimentos que movem Paulo Portas no sentido de solicitar ao Governo que pense o que é que poderá fazer no próximo orçamento para ajudar todos aqueles que deixaram o nó da "corda" apertar muito em torno do pescoço, deixando-se quase ir "à forca", com a prestação demasiado elevada, no crédito à habitação, em relação aos rendimentos auferidos... Só me questiono o que é que o Governo vai fazer com todos aqueles que fizeram bem as contas e "resumiram-se à sua insignificância", comprando casas com empréstimos cujos seus rendimentos próprios poderiam cobrir no pior dos cenários, uma vez que a eventual subida das taxas de juro já era falada há algum tempo. Será que o Governo pretende premiar estes bons alunos, até a "matemática financeira"? Ou será que só pretende premiar os "maus alunos", que ficaram à espera que alguma entidade "quase paternal" viesse a intervir?

Qual é afinal a ideia de Paulo Portas? Qual a sua concepção de justiça social? Para mim, esta ideia só vem ajudar ao "desconcerto do mundo", como dizia Camões, afinal a história repete-se, um pouco ao jeito do Velho do Restelo , ajudam-se os maus e deixam-se os bons à mercê da sua sorte e boa cabeça! Se alguma coisa for feita será, em princípio, em benefício de todos, e não apenas daqueles que se deixaram levar, mas qualquer das formas, a meu ver, se o Governo "alinhar" com isto, voltamos a partir do princípio errado.

Sem comentários: