quarta-feira, setembro 05, 2007

O Lápis de Deus

Posso começar o post com a célebre frase da canção de José Cid (até eu me ri com esta... veio a cavalo, certamente, dos recantos mais profundos da imaginação do veneno) "há muito, muito tempo, era eu uma criança" li uma linda e interessante história de vida, que falava de Madre Teresa de Calcutá. Madre Teresa, uma mulher misteriosa, que diz ter recebido um chamamento de Deus, que lhe indicou a Índia e pediu que criasse uma ordem de caridade. Uma ordem "mendicante" quase... Afinal Madre Teresa nunca guardou uma moeda que fosse para si, tudo o que possuía era dos "seus pobres".

Enfrentou toda uma população em fúria, que a acusava de tentar "roubar almas moribundas" para o "seu Deus", não abandonou as instalações nem debaixo de severos protestos, e levou a bom porto o seu trabalho, cuidando de toda a espécie de doentes abandonados e moribundos, que caíam pelas ruas de Calcutá, sem um telhado onde se acolher, e de quem todos se afastavam por medo das doenças que transportavam nos seus frágeis corpos.

Madre Teresa, ou Agnes , como gosto de lhe chamar, desde sempre... Era uma Irlandesa muito especial, que tomou por nome religioso o da padroeira da sua terra Natal. Que mais senão um gesto bonito? Teve a coragem que falta a muitos Homens, provavelmente a muito de nós, que vemos no seu exemplo de vida um estandarte a erigir . De facto não sabemos como viver com tanta abdicação, com tanta confiança em Deus, ou na sorte para os ateus, uma vez que o seu lema de vida era a providência divina, por isso tomos comiam e se tratavam, dentro do possível, sem financiamentos, sem nada, a não ser o trabalho do dia-a-dia .

Fala-se muito na dúvida de Madre Teresa, que relata mais de 50 anos sem sentir ou ouvir a presença de Deus, que lhe era tão querida. Talvez porque quebrou o voto de silêncio e falou com quem de direito para que a permanência da sua congregação fosse permitida... Talvez porque, digo eu, o seu trabalho fosse tão perfeito que nem Deus encontrasse a necessidade de lhe falar, ou de se fazer sentir... Quem sabe os momentos de agonia que geraram a dúvida, ou teria apenas sido causada pelo silêncio? Talvez Deus ache que a palavra é de ouro, e não há que gasta-la sem necessidade. A palavra, essa arma que faz guerra, essa arma que provoca, que maltrata, que mói... Ou que acalenta, apraz, conquista e faz a paz. É escolher...

Nem todos somos capazes de encarar ou ajudar moribundos, crianças em dificuldades... Reconheço na obra de Madre Teresa o que falta a grade maioria dos Homens, para chegar-mos à sociedade perfeita. Afinal, ninguém espera abrir a "nascente" da perfeição, de onde só brotem actos perfeitos. O que pretendemos conseguir, ou o que aspiramos a conseguir, são pequenos passos no sentido do aperfeiçoamento, só não sei se algum dia saberemos o que é a perfeição.

Apenas quero partilhar convosco, caros leitores e amigos, esta saudade de um ser maravilhoso que já nos deixou. Bem haja Madre Teresa!

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