quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Sócrates e o Desemprego

Marques Mendes confrontou hoje o Primeiro Ministro com várias temáticas, de entre as quais vou esolher para destilar veneno, hoje, o desemprego. Realmente a postura do Governo relativamente ao desemprego é uma afronta à nação, mas seguramente a culpa não é só de José Socrates! Quando estudei e, sendo da área das economias, aprendiamos e bem, com grande entusiasmo para todos nós, jovens com esperança de sermos bem acolhidos no mercado de trabalho, que o desemprego em Portugal era baixo e era perfeitamente absorvido e suportado pelas famílias (já podem ver o dinossauro... Nem tanto mas quase), o que era verdade, à luz dos dados e da realidade da altura. Uns anos depois é o que se vê.

Muitos de nós acabámos por não ser bem acolhidos pelo mercado de trabalho, outros, pior... Nem acolhidos foram! Continuam com um diploma e nas eternas filas do Centro de Emprego, porque como nunca descontaram... Bem, desgraças e mais desgraças. O mal maior foi aquele rasgo de 'loucura' com o ingresso no pelotão da frente dos países que aderiram ao Euro. Talvez nem em 2020 se veja o benefício da primeira moedinha de Euro posta a circular nesta pátria tão querida de todos nós, Portugal. O que se antevia estava camuflado pelas ondas de trabalho temporário como a Expo 98 ou o Euro 2004, mas findos os eventos que empregavam muita gente sem garantias de futuro nenhumas... Cá ficou a coisa como ela era, à vista. Claro está que seria bom que existessem grandes eventos destes de tempos a tempos (3 a quatro anos de intervalo) para que muita gente se mantivesse empregada, ainda que nessas tais condições menos boas. Sempre é melhor um emprego que nada!

Passados os grandes eventos, desempregados os que só faziam falta às empresas durante e na preparação dos mesmos, começou o desenlaçe trágico. Como assim? A grande verdade é que Portugal socorriase algumas vezes (não tão poucas assim), de artificios como a desvalorização da moeda (escudo) para se tornar mais competitivo no mercado externo e exportar mais. Quando comprava (importações), o custo era maior mas, por outro lado, tanto vencimentos como exportações eram de menor peso. Isto manteve em solo nacional muitas grandes empresas de base europeia que já tinham recorrido à deslocalização noutros países da U.E.. Estas empresa, com o aumento do custo salarial e de todos os serviços a montante e a jusante, em solo nacional, começaram a pôr os olhos no leste europeu (idêntico ao Portugal de outros tempos) e a piscar o olho à criação de postos de trabalho por lá... Casos como a Opel, a Auto Europa e afins... Até alguma PME's do industria textil e do calçado se forma embora...

Para agravar, a economia, em consequência do acima e sucintamente descrito, desacelerou, as empresas estagnaram com os elevados custos de salários e com o mercado sem encomendas (com o fim de algums grandes fábricas, dos grandes eventos e a quebra nas exportações), o desemprego teve mais uma ajudazinha preciosa. Tudo contribuiu. Não podemos massacrar apenas José Sócrates. Mas de facto a intervenção de José Sócrates relativamente a esta temática não é nenhuma, por isso mesmo, não deixa muito a desejar, deixa tudo a desejar. Há muito que este primeiro ministro devia ter pensado em todos os jovens deste país, não é só na taxa de desemprego dos licenciados, como por vezes se ouve falar exclusivamente; se bem que com a falta de mão de obra qualificada que por aí temos... Não é de estranhar, é de endoidecer. Não me venham também com as histórias da falta de gente nas áreas das engenharias, o IST tem lá imensos Doutores por extenso para empregar, que andam a bater à porta das Universidade das Ciênciais Sociais a querer correr com os da área de lá. E isso meus senhores... Isso é que não! Há Engenheiros de sobra e Doutorados, quem precisar é contactar o IST-UTL. Claro está que esperamos que estes senhores não vão ensinar ao empregador como se faz o trabalho... É que já o tentaram fazer e foram corridos... Engenheiros, são piores que as mulheres, não há de todo ninguém capaz de os entender.

Eu gostaria que estes Engenheiros sem ter o que fazer que o IST criou parassem de incomodar os das áreas de Gestão. Caros senhores, a culpa desta desgraça toda é dos engenheiros não saberem gerir, tal como os gestores não sabem 'engenhocar', por isso, por favor, deixem-nos em paz. Não queremos Engenheiros a leccionar nas nossas áreas (à excepção das disciplinas cujo conteúdo se justifique e que só me ocorre informática). Obrigado!

Apelos à parte, camuflagens com criação de posto de trabalho fixos que depois, bem vistas as coisas são sazonais e, não recorrendo à ideia do aumento da população activa para justificar a tal história da carochinha do emprego e desemprego subirem a par, que não é impossível, contudo, no caso português, é utópico, isto vai de mal a pior. Requer-se uma intervenção urgente e, não bastarão medidas 'normais' para combater este flagelo, é necessário mais do que isso; muito mais. Há que incentivar as empresas a empregar jovens com qualificações e não é só numa áreas e noutras não. Há que pensar muito bem na resposta desadequada do Ensino (de todos os níveis) ás necessidades do mercado de trabalho e, há que equacionar a questão do aumento do salário minímo pela urgência em que vive qualquer pessoa com essa miséria que lhe pagam; contudo, se as medidas de aumento do salário mínimo forem avante, Sócrates pode preparar-se para uma nova onda de despedimentos e de possíveis empregos que nunca o serão, INFELIZMENTE! Chegou-se a este ponto... Até pensar em melhorar a qualidade de vida da população activa pode causar efeitos nocivos no mercado de trabalho. É a famosa teoria do caso: o bater de asas de um lado do 'mundo' (laboral) pode causar uma catástrofe do outro.

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