Cada vez mais é preciso medir as palavras... Creio que o que Mário Soares quis dizer, na tão polémica intervenção, na qual se diz que Soares admitiu episódios de autoritarismo por parte do Governo e falou em ditadura das maiorias, Soares apenas queria dizer que, há necessidade de fomentar e incentivar ainda mais o diálogo entre a maioria e a oposição no Governo.
Não há propriamente a necessidade de tanta extrapolação . É verdade que Mário Soares não tem nada a temer, muitos menos a provar aos portugueses, facto que faz com que cada vez mais, vá expressando de modo cada vez mais livre as suas opiniões.
Por vezes, o impacto e o mediatismo da figura de Soares complicam o que é simples. Não vamos dizer que desconfiar da palavra flexisegurança é senilidade, se não boa parte de nós estaríamos senis, mas o facto é que este termo aplicado a uma cultura nórdica é, em termos de consequências práticas, bem mais seguro, e bem mais fiável que cá, nesta amálgama de cultura latina.
O termo usado por Soares quando se referiu ao que via da parte do Governo em certas áreas foi, justamente, arrogância, palavra com a qual concordo plenamente. Creio que às vezes o Governo cai na esparrela e faz o "joguinho" da oposição, bate o pé, faz birra, e quer mostrar que quer, manda e pode. É claro que a oposição aproveita imediatamente, e faz disto um melodrama incrível, chama-lhe renascimento do autoritarismo, salazarismo bafiento e sei lá mais o quê... A verdade é que hoje em dia não se pode falar jocosamente, nem outras pequenas travessuras cometidas pelos funcionários públicos passam em claro. Mas também, como já disse, quem é que se vai levantar numa reunião de uma empresa, onde a gestão de topo passa um orientação, e tal e qual um "jumento, zurra" que discorda da estratégia da gestão? Ninguém, nem um maluquinho, porque até esse percebe que pode ir para o desemprego, ou do manicómio para fora!
Passa pela cabeça de alguém colar piadas na entrada da empresa acerca do chefe? E do Administrador? Pois, bem me queria parecer que não! Então e porque é que o funcionário público há-de poder? Igualdade de direitos parece justo... Agora, tanto é abuso de uma parte quanto da outra, quando o Governo exerce o seu poder autoritário e coercivo, e quando o funcionário "parte ao desafio"!
Também concordo com Mário Soares quando este diz que há um mal estar que atravessa transversalmente a sociedade portuguesa, e que está na altura de fazer alguma coisa para tranquilizar as pessoas. Também concordo que as pessoas não se manifestam só por se manifestar ou, porque os sindicatos as compelem a isso. As pessoas manifestam-se porque sentem desagrado e intranquilidade, logo, há que saber lidar com esta situação, e encontrar forma de tranquilizar as pessoas em relação à instabilidade que persiste entranhada na sociedade.
Acho importante que o Primeiro Ministro ouça Mário Soares no que concerne à naturalidade com que devem e têm que ser encaradas as manifestações populares. As complicações, os problemas e os dramas que o Governo faz e cria, empolam pequenas coisas e dão-lhes dimensão gigantesca através do "alarido" que a oposição sempre faz, porque é fraca, porque é "pequena", e porque se sente "desamparada" como nunca.
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