E não é que a Endemol ainda não nos tinha presenteado com todas as suas ideia de péssimo gosto? Desta vez, na Holanda, uma mulher que sofre de um cancro cerebral terminal e irreversível vai doar um rim a um de três concorrentes. Acho muito bem que queiram chamar à atenção para a falta de órgãos doados em todo o mundo e sobretudo na Holanda, mas o grande problema é que para além do vencedor que vai ver a sua vida salva, vamos ter dois "derrotados"! Não sei até que ponto é que um "jogo" de vida ou morte é uma bonita ideia. O facto é que já têm publicidade para a causa e todos nós imaginamos o que é que uma pessoa é capaz de fazer pela sua vida, por isso talvez não haja necessidade de tanta exposição sem que se explique primeiro todos os contornos do mundo actual no que remete para transplantes de órgãos.
Em Portugal toda e qualquer pessoa pode escolher a quem doar os seus órgãos ainda em vida, desde que se prove que existe uma relação afectiva entre dador e recepto (nada que não possa ser forjado). Os nossos dadores não podem sofrer de doenças contagiosas nem de cancro, desde a década de noventa que esta prática se encontra regulamentada no nosso país. Não vejo qualquer problema relativamente a dadores com cancro, desde que os órgãos doados sejam saudáveis... Mas quanto a este facto só um médico poderá trazer alguma luz.
É sem dúvida polémico! Todos nós somos potenciais dadores e não perdemos nada em doar um órgão ,que já não nos fará falta depois de falecer-mos, a alguém que poderá viver uma vida com ele e, acreditem, caros leitores e amigos, seremos amados e lembrados para sempre, não só pelos nossos mas pelos demais. Podemos inclusive inverter a tendência de compra e venda de órgãos por uma fortuna, ajudando a endireitar o mundo.
A realidade do mercado negro dos órgãos é muito pior e muito mais negra que este reality show, acreditem. Desde "endinheirados" comprarem órgãos a cidadãos de países muito pobres, que não fosse pelo bom senso de alguma vezes lhes pagarem completamente a recuperação da cirurgia que salva a vida do receptor / "comprador", nos seus países de origem, sem cuidados médicos adequados, chegam a morrer por infecções e complicações pós operatórias relacionadas com a "venda"/ doação; ou seja, vão de "salva vidas" a cadáveres. Acaba por ser uma "troca" injusta. Morre um ser humano saudável por um que estava condenado. Como a consciênca de alguns "compradores" felizmente funciona, os males não têm sido maiores, mas há uma luta a travar para acabar com estas inacreditáveis "transacções comerciais".
Não quero com isto dizer que se o doador entenda, não possa doar um orgão que cuja ausência não lhe cause a morte, salvando uma vida e continuando a viver a sua, quer dizer que tudo isto tem que assegurar que o dador vive, salvo alguma excepção que todo o cuidado "do mundo" não possa evitar.
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