quarta-feira, maio 09, 2007

A propósito de Madeleine

Cada relato de uma criança vítimas de qualquer abuso ou violência é um motivo de dor.

As crianças são bens preciosos. Não consigo compreender como é que os pais não deixam objectos à vista na viatura, não deixam os seus cartões de crédito ao parapeito da janela aberta, não deixam notas ou passaportes atrás de uma porta no trinco, nem sequer deixam os sapatos da rua à porta e, depois, expõem os filhos assim... Desta forma tosca e pouco compreensível.

Não vale a pena dissecar-mos a questão dos ingleses e dos nórdicos e de sei lá eu mais que povos, darem mais autonomia às suas crianças e deixarem-nas mais entregues a si mesmas. É verdade que fazem delas cidadãos mais responsáveis mas, há medida que a idade o permite e não deixando uma menina de 4 anos com dois irmãos ainda mais novos e perfeitamente indefesos, numa casa de porta no "trinco" e janelas "escancaradas", cuja proximidade ao restaurante não elimina o facto da falta de visibilidade.

Uma coisa é certa, já lá vão demasiadas horas e nada da criança. Ao que parece, nem pistas do seu possível raptor ou paradeiro. Quando penso para mim que nem os animais domésticos muitos de nós deixamos no "jardim" ou, atrás de uma porta no trinco com janelas abertas, sou forçada a dizer que estes pais não foram negligentes, foram criminosos. É bem possível que a criança mais velha, Madeleine , justamente, soubesse onde estavam os pais e fosse capaz de chegar até eles caso alguma situação anormal ocorresse, só se esqueceram que nem todas as situações inesperadas são um bebé a chorar ou uma questão infantil. Há pessoas más que ao verem uma criança sozinha na rua se aproximam com a desculpa de ajudar e depois fazem justamente o contrário. Também é possível que o malfeitor tenha entrado pela porta ou por uma janela... Vai-se lá saber? Terá deixado rasto? Uma impressão digital que seja? Eu sei que se tal existisse, provavelmente, já estaríamos todos bem mais aliviados. Creio que ninguém fica indiferente ao desaparecimento de uma menina de 4 anos, nem ao sofrimento desta e dos pais da mesma.

Qualquer das formas, o modo como os pais da menina se apresentaram na televisão para o tal apelo, pareceu-me muito calma e muito composta para quem passa pelo tormento de perder uma filha. Pior que todos estes factores, para mim, é a existência de um serviço de baby sitters gratuito do próprio aparthotel; isto faz destes pais uns "monstros", no meu entender. Isto é pior que ser negligente, é mais grave que ter hábitos diferentes, é andar à procura de azares. Crianças sozinhas em casa conseguem atear fogos, queimar-se com líquidos a ferver, beber detergentes... E tudo isto, sem qualquer necessidade, nesta situação específica. Ainda que este serviço não existisse, qualquer aparthotel , quando solicitado, encontra uma baby sitter para uma ou mais crianças. É que, neste caso, não havia mesmo necessidade.

Seja qual for o desenlace desta tragédia, que espero que seja o menos doloso possível, para todos os envolvidos, excepto para quem perpetrou o crime, esse ser sim, que sofra e muito, tudo podia e devia ter sido evitado. Quase me apetece dizer que estes pais têm que responder perante a justiça. Estou certa que para Madeleine , quem a tem é muito mais que um monstro, não há palavras para o/s/a/s classificar, nem Humano/s pode ser... Não se vislumbra "a alma da besta" mas, certamente, um dia, se tudo acabar bem, e espero que sim, Madeleine irá ver por si que não merecia o que todos (criminoso/s e pais) lhe fizeram.

Há que proteger as crianças, se não por nós, por elas! Se alguém tem aMedeleine deve devolve-la aos pais seja de que forma for; ninguém merece.

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