Dito assim até parece qualquer coisa, mas não é. Trata-se da antiga Estalagem do Gado Bravo em Vila Franca de Xira que encerrou as portas há cerca de vinte anos. Era um ícone da região, situada à beira da movimentada na Estrada Nacional 10, neste momento nem se pode dizer que seja uma sombra do que foi um dia. Alberga involuntariamente debaixo de um triste e mal amanhado telheiro uma ruloute de bifanas, talvez para abrigar os famintos transeuntes da chuva, praticamente num mesmo sítio onde um dia houve uma confortável sala de refeições.
Lamentavelmente não me posso dar a estes balanços, se não quem comprava a “casita” era eu! Neste momento a “casita” é um considerável “buraco” com “ervinhas verdejantes” que não servem de pasto a gado algum uma vez que se encontram pelas janelas e no que resta do soalho da imponente estalagem. O telhado já teve melhores dias, ainda assim conseguimos vislumbrar as águas furtadas que esconde… Que maravilha! Há talvez vestígios de “fenómenos” arquitectónicos pouco recomendáveis, como a provável tubagem de ligação a uma chaminé… As janelas de madeira e vidro, com quadradinhos ou de abrir do meio para cima já pouco se deixam ver e as letras que outrora anunciavam o retiro são apenas “coisas” soltas no meio de “mensagens apagadas”. Creio que já não se lê Gado Bravo em nenhuma das paredes; nem sequer estalagem… Mas para quê? Já não há ali Estalagem nenhuma!
O imóvel foi andando de mão em mão, mas o uso do mesmo está limitado e a própria Autarquia quer revitalizar a Estalagem, sem que esta se perca ou “degenere”… Concordo plenamente. Há que preservar o lado bom das coisas. Talvez um bom restaurante no lugar da sala de refeições (com iguarias típicas da região como a sopa da pedra e uma boa carta de vinhos que não se poderia restringir… Aí temos que ir dar a volta ao país. Um acmpahamento de "faducho" ribatejano também ajuda), umas “suites” nas águas furtadas, o bom uso do redondel para “actividades” de Festa Brava (que sei não lhe faltarem aficionados) nem que fosse treino à semana e “acção” aos fins-de-semana… Também os espaços verdes podem ajudar a conquistar adeptos; não sei, haveria tanto por onde lhe pegar… O mal disto é que não chega devoção e ideias caros leitores e amigos; nem o BCP nem a Autarquia se compadecem de boas vontades; mas de certo que com a verba a coisa vai lá. Baixou muito de preço e se alguém tiver algum apreço à estalagem do Gado Bravo, com posses e meios de a “relançar” para lucrar (com estudos de viabilidade e a cabeça no sítio), acho que a vai lá.
p.s. – Espero que as possibilidades de intervenção no espaço não obriguem a fachada a ficar com aquela horrenda tubagem à espera do viajante… Assim não dá meus amigos! A Estalagem é como a mulher de César: “não lhe basta parecer, há que ser”!
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