domingo, junho 10, 2007

10 de Junho: Dia de Portugal, de Camões e das Nações


Aqui fica o nosso Camões, num poema de influência clássica, renascentista, no dia do poeta que melhor cantou o "ilustre peito lusitano". Sem dúvida que o Veneno escolhe sempre poemas "duvidosos" segundo muitas opiniões, mas dizem sempre algo mais, porque não os "conhecemos" tão bem, não pensámos já tudo o que havia a pensar sobre eles, por isso, chegamos a novas conclusões, descobrimos até uma nova face de um poeta ou de um artista; sim, porque o poeta é também um artista, que molda as palavras e faz uma pintura, trabalha uma escultura até ao seu mais ínfimo pormenor, faz renda com a espuma do mar e cria pessoas de vento, sal e nada... É também um priveligeado, porque todos nós podemos "trocar" as cores do quadro sem o saber... Fica mais ao nosso "jeito" e passa a ser também "a nossa pintura", porque podemos acrescentar detalhes à escultura, sem perceber... Uma onda no cabelo, uma curva na anca, um rasgo luminoso no olhar, uma cicatriz, uma cor, um papagaio depapel que ninguém viu porque apenas sabiamos que alguma coisa ondeava com o vento e pode até não ser uma saia, pode não ser mais que um pensamento, mas para nós, era um papagio ao vento...


Portugal desde sempre revelou-se um país de humanistas, mas mais que tudo, de poetas e escritores. Não tivemos própriamente filosofos ou grandes artistas, tirando Antero ou Amadeu de Sousa Cardoso; respectivamente. Não podemos gabar-nos de grandes cineastas, de grandes invenções, nem mesmo de grandes obras. Talvez se explique por sermos tão "felizes" cá dentro do nosso Portugal que não tenhamos necessidade de ir por aí, mundo fora, afirmar coisa alguma; afinal fomos nós que demos novos mundos ao mundo, iniciamos a globalização, traçamos rumos na história e, não vemos como poderíamos ter feito mais. Até certo ponto, temos razão. Tivemos um Nobel da medicina, temos cada vez mais cientistas e especialistas em tecnologias de ponta, temos energias renováveis (esta ficou bem aqui...), sol, turistas e jogadores de futebol... Somos muito mais do que escrevi aqui, isto foi brincadeira minha; mas o que é certo é que há sempre um português no meio de tudo e no meio do nada, até nisso somos grandes.


Não vou fazer um "balanço" de toda a nossa história, porque ainda que fosse muito sintético, nunca mais saímos daqui! Por tudo o que escrevi, escolhi homenagear um poeta, o do dia... Deixo-vos apenas um poema que gosto muito (deve ser a palavra veneno que me desperta carinho... Que fazer?



Um mover de olhos, brando e piedoso,
Sem ver de quê; um riso brando e honesto,
Quase forçado; um doce e humilde gesto,
De qualquer alegria duvidoso;



Um despejo quieto e vergonhoso;
Um repouso gravíssimo e modesto;
Ũa pura bondade, manifesto
Indício da alma, limpo e gracioso;



Um encolhido ousar; ũa brandura;
Um medo sem ter culpa; um ar sereno;
Um longo e obediente sofrimento;



Esta foi a celeste fermosura
Da minha Circe, e o mágico veneno
Que pôde transformar meu pensamento.


Luís Vaz de Camões, Príncipe dos Poetas Portugueses

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