sábado, junho 16, 2007

Baixa Pombalina e o fundo do poço



A baixa de Lisboa tem vindo a decair, progressivamente. Há um desgaste nas lojas, nas pessoas, no poder de compra de quem por ali se passeia, nas actividades "paralelas" que tomaram conta das ruas, na insegurança, na indigência ... Ninguém pensa em andar pelas ruas da baixa pé depois das 21 horas; porque será?


A Câmara Municipal de Lisboa é evidentemente culpada por esta situação e, não começou hoje. Não vale a pena começarem a apontar o dedo uns aos outros porque provavelmente, o culpado a apontar o dedo já nem está na nossa memória. Lisboa quer ser cosmopolita, quer ser uma cidade de transportes públicos e menos automóveis individuais, quer colocar taxas e impostos e mais portagens mas esquece-se do essencial para que tudo isto aconteça, a segurança nas ruas. Se durante o dia a insegurança é mais que muita, de noita, toma conta das ruas e das pessoas. Já passou pela cabeça de alguém ter medo de andar em Copenhaga a pé às 3 da manhã? Claro que não. E em Estcolmo? Elsínquia? Amesterdão? A resposta repete-se: não. Anda-se de metro e comboio, a pé e de bicicleta todo o dia e toda a noite, pela madrugada fora... Uma coisa puxa a outra; é certo. As ruas não estarem desertas ajuda a não haver "medo" mas, haver segurança ajuda a manter as ruas povoadas a qualquer hora. Não há o que temer. Lisboa precisa dinamizar-se, precisar ser segura, precisa ter gente e recuperar a habitação, além dos escritórios. Vejamos que não é só Lisboa, por todo o país é perigoso andar só na rua à noite; podemos dizer que a excepção serão as pequenas zonas de turismo no algarve que, no mês de Julho e Agosto têm gente a pé todo o dia e toda a noite. É um mal nacional. O automóvel juntase à mentalidade, à insegurança e ao medo. Não vale a pena fazer de conta e criar obstáculos enquanto so problemas não estiverem resolvidos, o transporte público não será a solução.


Os problemas estruturais que se colocam ao novo executivo que tomará conta da caital são mais que muitos. Este tema veio a propósito do encerramento da "mítica" Loja das Meias, da Baixa, que ao fim de cem anos encerra. A clientela que compra o tipo de produtos que a Loja das Meias tem para oferecer já não frequenta a baixa. A Loja das Meias serve gente endinheirada, cujos passeios se mudaram para os Centros Comerciais, mais seguros, com estacionamento e climatização artificial; não estava a fazer nada na baixa. Nos últimos anos a Loja das meias terá tentando adaptar-se à nova realidade da baixa pombalina, transformando a sua loja da baixa em outlet, o que desagradou à "granfinada" porque poderia pensar-se que todas as lojas se encontravam na mesma situação; assim sendo, antes que as coisas dessem para o "torto" em todas as lojas, cortou-se o "mal pela riz" e encerrou-se a loja da baixa deixando a granfinada feliz, já que a loja não vendia nada mesmo... E a baixa ficou assim mais pobre!

Sem comentários: