Li mais uma vez acerca da eutanásia e da concordância de uma significativa parcela do universo dos médicos inquiridos sobre esta melindrosa polémica. Muitos médicos não se opõem à prática da eutanásia nos casos de doentes em estado terminal. O que aqui me suscita algum desconforto é o conceito de “estado terminal”, uma vez que alguém como Ramón Sampedro (o senhor espanhol cujo suicídio assistido foi filmado e deu origem a uma película, gerando imensa polémica) não seria provavelmente considerado um doente terminal. Ramón, tal como Terry Schiavo e outros casos semelhantes não se encontravam numa agonia letal, mas sem duvida que se encontravam num mal-estar permanente que pode ser equiparado a esta agonia. No caso de Terry nem sequer se supõe que percepcionasse o seu próprio estado.
Esta questão é muito séria e talvez não seja adequada a um referendo. O mais acertado seria legislar acerca da eutanásia, permitindo ao “paciente” em estado reconhecido como crítico ou de elevado “melindre” (por um médico) escolher se quer continuar a viver ou não. Como já sabemos, muitos consideram o prolongamento da vida com ventiladores e máquinas, uma verdadeira “tortura” e creio que só eles mesmos podem saber do que estão a “falar” (já que alguns são interpretados por um computador). Não me considero capaz de “optar” por todas estas pessoas mas se por acaso fosse chamada a votar num referendo acerca da eutanásia o meu voto seria a favor, pois creio que o certo é dar à pessoa a possibilidade de escolher.
Dos casos que tenho tido acesso na imprensa apenas posso apenas concluir que a eutanásia é uma forma de misericórdia e se assim é, eu apoio esta causa. Para mim a vida só se justifica quando pode ser desfrutada. Há que valer a pena viver; a vida não deve ser uma penitência mas sim uma “aventura” com os seus altos e baixos. Encerro este post com as palavras de Ramón Sanpedro: -“Viver é um direito, não uma obrigação”.
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