A directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho foi exonerada do cargo por sentimentos de desconforto de alguns deputados do PS para com um cartaz afixado neste Centro de Saúde que conteria declarações do Ministro da Saúde, Correia de Campos, em termos jocosos.
Parece que o despacho de 05 de Janeiro que afasta, a directo em causa, de funções dá a conhecer as razões aqui explicitadas bem como dá por provada a incapacidade desta para garantir observações superiores da forma adequada, para a prossecução e implementação das políticas desenvolvidas pelo Ministério da Saúde. Talvez se deva ao facto de não ter retirado o cartaz dos indiscretos olhares dos populares de Vieira do Minho (que não serão certamente milhões…)!
Espanta-me profundamente que estas coisas estejam a acontecer e quando pretendo fazer a minha “sátirazinha” chego a temer consequências; mas não nos podemos encolher todos e, estou certa que declarações de domínio público apresentadas de forma divertida e cheias de sentido de humor agradam até aos visados. O Veneno rege-se por um lema de vida muito próprio e que “reza” da seguinte forma: quem não sabe ouvir uma piada não merece ser levado a sério. Será que a possibilidade de ser jocoso ficou vedada a todos os funcionário públicos? Isto é particularmente grave porque temos uma parcela da sociedade lesada relativamente à restante por via do empregador.
Existirão certamente mínimos a esperar mas também devem existir barreiras à penalização directa ou, a meu ver, “decapitação” para exemplo dos demais, uma vez que o equilíbrio de forças entre as partes envolvidas nem sequer é precário; é altamente desigual. Onde é que posicionamos o funcionário por si só, relativamente à máquina Estado enquanto entidade patronal? Já sei, num extremo oposto onde quase nem se vê.
Não defendo que se coloque um cartaz destes na porta do “chefe”, uma vez que se um funcionário em qualquer empresa privada colocar num daqueles painéis onde se revelam indicadores, políticas da casa, divulgação das boas ideias dos funcionários e outras coisas afins (que se encontram á vista de todas, muitas vezes até dos visitantes) um cartaz danoso para com qualquer chefia, director ou administrador, o mais certo é ver a porta da rua; mas a relação laboral aqui, estreita-se, isto porque as empresas privadas fazem questão disso. Muitas vezes o funcionário público entende o Ministro como um superior mas não o percepciona como tal, devido à distância entre um e o outro, que é mais que muita e dificilmente existirá, pela má comunicação interna, qualquer “laço” laboral por mais remoto que seja. Isto acontece sobretudo entre as camadas mais jovens de funcionários ou, entre os mais distante do poder central, uma vez que os funcionários públicos do “antigamente” ainda se levantam para “agraciar” a entrada de um secretário de Estado num local onde estejam reunidos; por exemplo, quanto mais para o Exmo. Sr. Ministro…
Nenhum de nós, enquanto superior gostaria de ter que suportar uma coisa destas, mas de facto os Ministros deste Governo também se prestam a coisas que nenhuns outros se prestaram… Chegam a parecer verdadeiros inadaptados para as funções. Há coisas que se pensam mas não se dizem, e estes Ministros também parecem não conseguir perceber quais são essas coisas (que “ferem” os cidadãos). Não se pode chamar deserto a metade de um país como fez Marino Lino, não se pode dizer o que Correia de Campos disse ontem; é gravíssimo… O estranho é que a eles ninguém os pune.
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